Desvendando a disgenesia gonadal mista
desafios do diagnóstico pré-natal e manejo clínico
DOI:
https://doi.org/10.29327/218041.32.37-1Palavras-chave:
distúrbios da diferenciação sexual, disgenesia gonadal mista, diagnóstico pré-natal, malformação renal policística, mosaicismo, sexo de criaçãoResumo
OBJETIVO: O objetivo deste estudo é relatar um caso de disgenesia gonadal mista (DGM) diagnosticada durante a gestação, destacando a importância do diagnóstico pré-natal, manejo clínico e aconselhamento genético. RELATO DE CASO: A paciente era uma mulher de 20 anos encaminhada devido a uma ultrassonografia fetal com evidência de anormalidades renais. Na ultrassonografia com 30 semanas de gestação, evidenciou-se rim direito displásico com múltiplos cistos e genitália ambígua, sugestiva de um distúrbio do desenvolvimento sexual. A ressonância magnética fetal revelou rim displásico com cistos múltiplos. Havia uma imagem sugestiva de escroto hipoplásico e tubérculo genital indefinido. O cariótipo fetal mostrou constituição cromossômica mosaicismo 45,X[28]/46,XY[2], compatível com o diagnóstico de DGM. Ao exame clínico neonatal da genitália, havia um falo medindo 3cm com hipospádia, porém sem abertura uretral, e uma gônada palpável na saliência labioescrotal esquerda. A gônada direita era intra-abdominal e a uretra se abria em um amplo seio urogenital. Micrognatia, prega palmar única esquerda, clinodactilia dos quintos dedos e unhas hipoplásicas também foram observadas. A ultrassonografia abdominal mostrou rim direito com múltiplos cistos de tamanhos variados. DISCUSSÃO: A DGM é uma condição complexa que pode se manifestar de diversas formas. O caso discutido ilustra a importância de uma abordagem multidisciplinar no manejo de casos de disgenesia gonadal, considerando não apenas os aspectos estéticos, mas também a funcionalidade e a saúde do paciente. A escolha do sexo de criação deve ser feita após uma avaliação cuidadosa e em conjunto com os pais, levando em conta as implicações emocionais e sociais. CONCLUSÃO: O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são fundamentais para o manejo de DGM. A colaboração entre diferentes especialidades médicas e o envolvimento dos pais nas decisões são essenciais para garantir um tratamento apropriado e consciente. Este caso ressalta a necessidade de um suporte contínuo e de um planejamento cuidadoso para o futuro da criança.
Referências
Gantt PA, Byrd JR, Greenblatt RB, McDonough PG. A clinical and cytogenetic study of fifteen patients with 45,X/46XY gonadal dysgenesis. Fertil Steril. 1980 Sep;34(3):216-21.
Ahmed SF, Khwaja O, Hughes IA. The role of a clinical score in the assessment of ambiguous genitalia. BJU Int. 2000 Jan;85(1):120-4.
Prader A. Der genitalbefund beim pseudo-hermaphroditismus femininus des kongenitalen adrenogenitalen syndrome. Helv Paediat Acta 1954;9:231.
Stambough K, Magistrado L, Perez-Milicua G. Evaluation of ambiguous genitalia. Curr Opin Obstet Gynecol. 2019 Oct;31(5):303–8.
Lee PA, Houk CP, Ahmed SF, Hughes IA, LWPES Consensus Group; ESPE Consensus Group. Consensus Statement on Management of Intersex Disorders. Pediatrics. 2006 Aug 1;118(2):e488–500.
López Soto Á, Bueno González M, Urbano Reyes M, Carlos Moya Jiménez L, Beltrán Sánchez A, Garví Morcillo J, Velasco Martínez M, Luis Meseguer González J, Martínez Rivero I, García Izquierdo O. Imaging in fetal genital anomalies. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2023 Apr;283:13–24.
Danish RK. Intersex problems in the neonate. Indian J Pediatr. 1982 Jul;49(4):555–75.
Meizner I. The ‘tulip sign’: a sonographic clue for in-utero diagnosis of severe hypospadias. Ultrasound Obstet Gynecol. 2002 Mar;19(3):317
Cafici D, Iglesias A. Prenatal diagnosis of severe hypospadias with two- and three-dimensional sonography. J Ultrasound Med. 2002 Dec;21(12):1423–6.
Canella PRB. Sexo, sexualidade e gênero. Rev Bras Sex Humana [Internet]. 2020 Sep 19 [Cited 2024 Aug 27];17(1). Available from: https://sbrash.emnuvens.com.br/revista_sbrash/article/view/445. doi: 10.35919/rbsh.v17i1.445.
Cools M, Pleskacova J, Stoop H, Hoebeke P, Van Laecke E, Drop SL, Lebl J, Oosterhuis JW, Looijenga LH, Wolffenbuttel KP; Mosaicism Collaborative Group. Gonadal pathology and tumor risk in relation to clinical characteristics in patients with 45,X/46,XY mosaicism. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Jul;96(7):E1171–80.
Downloads
Publicado
Versões
- 02-12-2024 (2)
- 24-09-2024 (1)